Gosto muito de comparar a escalada ao Yôga. Uma das características do Yôga Antigo é ter agregado uma filosofia naturalista, o que se assemelha muito com a proposta da escalada em conviver junto a natureza, se identificando com ela quando se está em uma montanha ou até mesmo em uma falésia ou em algum setor de boulder, etc.
Você já se observou como seu corpo reage antes de começar uma via, um boulder ou uma escalada qualquer? Mesmo parado, apenas pensando e lendo os movimentos da via, seu corpo já começa a responder com uma respiração acelerada, músculos tensos, trêmulos e seu coração começa a bater cada vez mais rápido. As mãos começam a suar e logo você pega no magnésio para secá-las. Mas não adianta, você está envolvido por um grande medo, ansiedade e nervosismo. Mesmo antes de colocar as mãos na primeira agarra seu corpo já sofreu uma descarga de adrenalina.
Yoga – você reconhece a respiração
Isso tudo ocorre por falta de controle emocional, e veja só que interessante, a emoção está ligada diretamente com a respiração.
Dentro da prática do Yôga Antigo, existe uma parte voltada somente para aprender a respirar corretamente, usando toda sua capacidade pulmonar.
A prática do Yôga Antigo, não se limita em apenas respirar, mais aplicar pránáyáma(expansão da bio-energia através do respiratório), técnica que lhe proporcionará umacaptação de energia vital, essa energia denomina-se prána, sua maior fonte é a energia solar que está contido em diversos alimentos como as frutas, por exemplo.
Muitos escaladores acreditam que quanto mais desenvolvem os músculos, menos flexíveis eles ficam e tem receio de se alongar para não perder sua força muscular. De fato, mais entenda que alongamento é outra coisa bem diferente que flexibilidade.
O SwáSthya Yôga ( pronuncia-se suásthya) possui uma divisão de técnicas que desenvolvem a musculatura de forma extremamente harmoniosa, conferindo domínio até de músculos considerados involuntários, o que contribui para uma melhor performance superior a qualquer esporte, dança ou luta. E ainda garante uma proverbial flexibilidade articular e muscular obtidas mediante eliminação de tensões localizadas, a conscientização de grupos musculares e as permanências maiores no ponto culminante de solicitação. (muitos escaladores ao longo do tempo acabam se lesionando nas articulações dos dedos, joelhos, ombros e costas).
Além de auxiliar com o fortalecimento e flexibilidade muscular o Yôga contribui para dominar o equilíbrio corporal. Normalmente, a um escalador que não usa nenhum recurso para compensar os músculos do seu corpo, em longo prazo perceberá um desvio na coluna, ombros tombados para frente, dores nos dedos, a tendência de ficar com a palma da mão sempre um pouco fechada, e por ai vai.
Yoga desenvolve a musculatura de forma extremamente harmoniosa, conferindo domínio até de músculos considerados involuntários
O aprendizado das posturas de Yoga pode ser utilizado para compensar muitos movimentos da escalada e até estimular regiões do corpo que ainda são fracos. (contudo, não se deve praticar Yôga só pensando em seus benefícios, isso o limitara).
Na escalada é preciso ter muita concentração, desde na colocação de proteção de uma via, na sua leitura, na movimentação e a cada milímetro de deslocamento na parede. A interação com a mente, corpo e a escalada é muito importante para realizar seu objetivo.
As vezes quando se está escalando o mundo parece parar, sua mente se esvazia de todos os pensamentos e você tem a atenção somente para a via que está realizando. Chega até parecer que nada mais existe e que você se transformou na própria pedra.
A meditação é a supressão das instabilidades da consciência, ou seja é a parada dos pensamentos. Quando se chega a este estado, a consciência se expande. Namastê. Fonte: Claudia Faria – site Escalada Brasil